"Podemos muito bem perguntar-nos: o que seria do homem sem os animais? Mas não o contrário: o que seria dos animais sem o homem?"Hebbel , Christian





domingo, 8 de julho de 2012

Que coleira devo usar no meu cão?


Presentemente existem muitas coleiras e trelas no mercado. Quando temos um cão a escolha da coleira e trela a usar são essenciais. As preocupações com a escolha estendem-se desde o aspecto estético ao mais importante aspecto funcional das mesmas.
Este artigo irá focar os diferentes tipos de coleiras e trelas que existem à escolha, como funcionam e quais as suas particularidades para que possam fazer uma escolha informada e consciente da que será melhor para o vosso cão.

Porque é que os cães puxam?
Existem 3 considerações a ter quando pensamos nos porquês dos nossos cães puxarem nas trelas:

1. Os cães detêm um reflexo condicionado que os leva a exercer força oposta aquela aplicada por uma coleira ou peitoral, sendo assim quando os cães sentem uma coleira no pescoço e esta fica tensa, eles têm tendência natural de exercer força na direcção oposta.

2. Outro facto é a velocidade à qual um cão viaja. Se observarem um cão a caminhar a passo normal, verão que estes viajam muito mais depressa do que nós. Isto leva a que quando colocamos uma coleira e trela num cão e começamos a caminhar, este tem tendência a ir sempre um pouco à frente e puxar, visto que nós andamos bem mais devagar do que eles.

3. O terceiro motivo e talvez o mais curioso é que nós treinamos muito eficazmente os nossos cães a puxarem na trela. O cão é colocado na trela e o passeio começa, o cão puxa na trela, e a nossa tendência é caminhar enquanto o cão puxa. Por cada passo que damos com o cão a puxar na trela, estamos a ensiná-lo que puxar na trela é eficaz para poder caminhar para a frente. O reforço positivo é a oportunidade de caminhar enquanto puxa. O cão aprende na realidade que para se deslocar tem que puxar na trela.

Coleira e trela normais (cabedal, corda ou tecido)

As coleiras normais são as mais escolhidas, principalmente para cachorros. Quando as colocamos no cachorro ou num cão que nunca tenha usado antes uma trela, muitos sentem-se bastante desconfortáveis. Esta reacção é habitual, existem formas de acostumar gradualmente o cão à coleira, mas normalmente os cães associam rapidamente as coleiras a um passeio na rua, e estas passam a ser algo que eles adoram. 

As coleiras ditas normais são incómodas para cães que puxam muito na trela, cães médio e ou grandes. 

Não permitem um bom controle do cão, eles próprio esganam-se na coleira muitas vezes tossindo, permite que os cães façam força de tal forma que facilmente nos podemos magoar ou perder o equilíbrio principalmente se forem cães de porte médio a grande. Como tal estas coleiras são mais apropriadas em cães que já saibam caminhar sem puxar ou em cachorros, desde que comece desde logo a ensinar o cão como deve caminhar com uma trela.

Peitoral

Peitorais permitem segurar o cão melhor do que uma trela normal. No entanto, tal como as coleiras normais, peitorais permitem e incitam o cão a puxar na medida em que oferecem resistência por uma área alargada. Peitorais podem ser úteis em cães de porte pequeno que não incomodem quando puxem, evitando que estes se esganem e se magoem. Se tem um cão de porte médio ou grande o peitoral não será uma boa opção, até que ele aprenda a caminhar sem puxar.

Halti e Gentle Leader

Haltis e Gentle Leaders são um tipo de trela que funcionam como as trelas dos cavalos. São colocadas no focinho do cão e este é controlado pela cabeça. Se o cão puxa automaticamente a cabeça vira em direcção ao dono, ficando o cão de frente para nós. Existem cães que aprendem a puxar com estas coleiras, mantendo a cabeça baixa e esticando o focinho para a frente, mas são excepções, em regra, estas coleiras são extremamente eficazes em permitir um passeio sem puxões ou problemas de maior mesmo com cães de porte grande habituados a puxar muito.
A maior desvantagem do Halti ou Gentle Leader é que requerem um acondicionamento maior do que uma trela normal. Os Haltis ou Gentle Leaders como são colocadas à volta do focinho são desconfortáveis no início e levam os cães a esfregar o focinho no chão, ou nas pernas das pessoas na tentativa de os retirarem. O acondicionamento deve portanto ser feito gradualmente, associando a trela a algo positivo, em sessões curtas e colocando passo a passo a coleira até que o cão esteja habituado. Se colocar a coleira e fôr para a rua sem adequadamente condicionar o cão à coleira, este muito provavelmente irá debater-se com a coleira e tornar o passeio um martírio.
Estas coleiras são muitas vezes confundidas com mordaças por serem colocadas à volta do focinho, no entanto elas não mantêm o focinho fechado, permitindo que o cão exerça todas as actividades como arfar (mantendo a temperatura regulada), beber, ladrar e comer, sem restrições. 

Lupi e Halti Harness
A Lupi e Halti Harness são um tipo de coleiras que são colocadas e se assemelham em aspecto aos peitorais convencionais. A diferença é que ambas estas coleiras exercem dois pontos de pressão fulcrais nos cães, um no peito e outro nas costas. Estes dois pontos ao serem pressionados evitam que os cães puxem.
A diferença entre uma e outra é que uma Halti Harness requer uma trela com encaixe duplo, isto é, uma trela que clipe na argola do peito e na argola das costas, ou duas trelas.


Já a Lupi foi desenhada de forma a que só tenhamos que clipar numa argola, a das costas, tal qual um peitoral. Estas duas coleiras, não incitam a que o cão puxe, tornam os passeios muito mais fáceis e os cães muito mais calmos e menos propensos a puxarem, para além de que permitem controlar facilmente cães com força ou de tamanho grande.

Relativamente às Haltis ou Gentle Leaders, estas coleiras não precisam de um acondicionamento às mesmas sendo que podem ser colocadas imediatamente que a maioria dos cães não se sente incomodado pelas mesmas.



Sporn Halter





Peitoral Easy Walk (EW)

O Peitoral:
Tem uma tira na escapula e uma nas costelas que formam uma linha vertical atras das patas dianteiras e outra no peito acima da articulação dos ombros e um aro em D na tira peitoral onde deve ser presa a guia.

Ao contrário dos peitorais comuns que estimulam o peludo a tracionar e ficar “de pé” nas patas traseiras, o EW desestimula essas reações devido a guia ir trela na frente do cão e a tira fazer pressão nos músculos peitorais. O modo de usar é basicamente mesmo da GL mas não serve como ferramenta de adestramento


Estranguladoras ou Enforcadoras

Estranguladoras ou enforcadoras são coleiras com aneis de metal que deverão ser colocadas no cão de forma a apertarem quando são esticadas.

Estas coleiras funcionam através da aplicação de castigo positivo e reforço negativo, isto é, a aplicação de um esticão na coleira no momento em que o puxa (castigo positivo) causa dor, desconforto, bloqueia a passagem do ar, fazendo com que o cão pare imediatamente de puxar. Quando o cão pára de puxar, a coleira relaxa no pescoço do mesmo (reforço negativo), o cão aprende então que quando puxa algo de negativo acontece e quando não puxa evita a aplicação de um castigo. O cão não puxa para evitar ser castigado.
Estas coleiras podem ser eficazes, no entanto é extremamente difícil usá-las correctamente e existem várias desvantagens no uso das mesmas:

O castigo (a aplicação do esticão na trela quando o cão puxa) tem que ser suficientemente forte para ser eficaz. Se a coleira não causar dor, transtorno, medo ou desconforto esta não será eficaz e o cão continuará a puxar porque a consequência não é suficientemente forte para o fazer parar.

Em contrapartida se aplicarmos um esticão com força a mais corremos o risco de causar danos irreparáveis na traqueia do cão, corremos o risco de abusar do cão aplicando um castigo desproporcional ao comportamento em questão, fazendo com que o cão desenvolva agressão defensiva, medo. ansiedade ou vários outros problemas.

Corremos também o risco da associação que o cão faz ao castigo não ser aquela que esperamos. 
Imagine o cão que vai na rua e vê uma criança no outro lado da rua ao longe. O cão puxa enquanto foca a sua atenção na criança. O dono aplica o castigo com o intuito de fazer o cão parar de puxar, o cão associa o desconforto e/ou dor à criança e não ao facto de estar a puxar. Muito rapidamente criamos um cão a ser agressivo/reactivo a crianças. Por este motivo existem tantos cães reactivos de trela, que ladram e rosnam a estímulos aos quais reagem pacificamente quando estão soltos. É impossível saber exactamente a que é que o cão está a aliar o castigo que está a ser aplicado, principalmente quando o usamos em ambientes tão ricos em estímulos como passeios na rua.

O cão alia a aplicação do castigo ao dono, pelo que isto constitui uma forma de tornar a relação entre dono e cão uma baseada no medo e na aversividade na qual o cão começa a recear a imprevisibilidade do dono na aplicação de castigos e punições. 

O cão aprende que sem a estranguladora as punições não são aplicadas e muitos cães, têm que usar para sempre estranguladoras. Se colocar uma coleira normal no seu cão ele rapidamente começará a puxar. Quem treina um cão com estranguladora, terá que a usar para sempre no cão.

Muitos cães desenvolvem resistência à dor o que leva a que para que a coleira continue a ser eficaz o dono tenha que aplicar esticões cada vez mais fortes, podendo chegar a danificar gravemente a traqueia do cão ou a causar danos na zona da coluna como documentado num estudo feito em 1992 na Suécia, no qual se estipulou que 91% dos cães que apresentam lesões na coluna foram submetidos a esticões com estranguladoras e têm um longo historial de puxar na trela.

Coleiras de Bicos

Coleiras de bicos, são coleiras constituída por bicos de metal enviosados que deverão estar virados para dentro pressionando o pescoço do cão quando este puxa.

As coleiras de bicos operam tal como as estranguladoras através da aplicação de reforço negativo e castigo positivo, isto é, funcionam através da aplicação de punições e aversivos.Em comparação com as estranguladoras as coleiras de bicos não causam tantos danos nas traqueias dos cães sendo por isso mais seguras nesse aspecto, sendo que aplicam dor e desconforto em maior intensidade.

No entanto, tal como as coleiras estranguladoras, as coleiras de bicos, partilham os mesmos problemas que as anteriores, sendo que o cão terá que usar uma coleira de bicos para o resto da vida, porque no momento que esta fôr retirada o cão deixa de ser “obediente” (a aplicação do castigo deixa de ser possível). Coleiras de bicos são também perigosas no sentido que se um cão se assusta e puxa com força a mais, estes poderão causar dano substancial na pele do pescoço do cão. Em muitos países a venda ao público de coleiras de bicos e coleiras enforcadoras é proibida como na Austrália, por exemplo, onde estas são consideradas perigosas e um instrumento que facilmente causa dano considerável ao cão.

Para se usar tanto uma estranguladora como uma coleira de bicos, é necessário um conhecimento muito exacto de como estas operam, quais as consequências do uso das mesmas e que os donos sejam informados que efeitos colaterais tais como: medo, agressão, frustração,. etc.. se podem desenvolver graças ao uso das mesmas. Como é impossível saber com exactidão qual a intensidade perfeita para aplicar um puxão (pode variar de cão para cão e conforme o contexto), e como é muito difícil aplicar um puxão na altura exacta de forma a evitar associações erradas por parte do cão, e dada a existência de outros métodos de ensino eficazes e menos intrusivos como reforço positivo no qual o cão aprende a caminhar na trela sem riscos de desenvolver problemas comportamentais ou deteriorar a sua relação com o dono, estas coleiras são desaconselhadas por muitos treinadores experientes e por algumas das entidade de protecção, treino e comportamento animal  mais conhecidas a nível mundial, tais como: RSPCA, APDT, AHS, AVSA, SFPCA,etc..etc..

Das coleiras acima nenhuma tem como intuito ensinar o cão a não puxar na trela, estão apenas desenhadas para facilitar os passeios. Escolha aquela que melhor se adequa a si e ao seu cão e contacte um treinador positivo para aprender como ensinar o cão a não puxar na trela através do uso de reforço positivo. Quando o cão aprende através de reforço positivo, a trela torna-se um instrumento de segurança para que possa circular com o seu cão pela rua sem perigo e não um instrumento de ensino.

Maior parte do texto
Escrito por:
Claudia Estanislau
Its All About Dogs 

Fonte: its all about dogs forum.net

1 comentário:

  1. Fogo nem sabia que existiam tantas coleiras peitorais diferentes :)
    Bom post, vou já procurar um Sporn Halter para o meu lord :)

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